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Cartas-->Amigo Alain -- 12/08/2000 - 03:39 (Fernando Tanajura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
New York (NY)
Natal 1996.


Amigo Alain:

Recebi seu cartão de Natal que me deixou muito sensibilizado. Gostaria de lhe responder imediatamente, contudo a sua poesia que o fez acompanhar me refreou do ímpeto imediato. Preferi colocar o cartão perto de uma plantinha que tenho em casa. Não é uma árvore de Natal mas todos os anos eu deixo os cartões que recebo por esta época perto dessa planta - acho que é para curtir a boa energia das mensagens neles contidas.

Não costumo, nem gosto de fazer críticas de poesias. Realmente isso nunca será o meu ofício. Trabalhos dos outros eu tenho o maior respeito,
porque sei perfeitamente o que é pensar, organizar e exprimir um pensamento num papel em branco. Muitos dizem que é um parto. Eu concordo. Às vezes é um parto dolorido e temos que sofrer para dar luz à coisa certa. Muitas vezes é preciso um enorme esforço ou uma certa ajuda de alguém para que a coisa fique bonita e saia andando por aí a ser entendida e elogiada.

Como você pede a minha apreciação e possível publicação na minha página da Revista Alternativa e também como captei em nosso breve encontro a sua ansiedade em querer criar, dividir e tornar público o que se passa em sua cabeça, vou lhe dar umas dicas que é o meu ponto de vista. Não são regras nem exceções, nem formas definidas de existir dentro da poesia.

Primeiro, acho que poesia é ritmo, cadência, musicalidade. Mesmo que, às vezes, sacrifiquemos a métrica e a rima; acho que a leitura fica mais fácil quando se deslisa leve e fluente. Uma vez que o leitor bate os olhos no primeiro verso, o resto escorrega automáticamente e não há quem não chegue até o final. Com isso, lógico, tem que haver o encadeamento da estória, da mensagem ou do que você pretende descrever em formas de versos.

Acho que em poesia a gente tem que usar o menos que possa os artigos definidos. Quando você define uma coisa, as asas da imaginação do leitor ficam cortadas, assim ele não pode viajar na leitura do poema e a poesia fica sem o desvario, sem o etéreo, sem o imaginável. Não estou modificando a sua obra, mas faça um exercício: leia a primeira estrofe do seu poema, depois leia:

Atrás da porta há sonhos,
formas incógnitas de viver
com a vontade de amar.
Viver o que tem para se ter,
o que tem para se dar.

Atrás da música, espaço -
fortaleza ilhada dos maestros...

Sentiu a diferença? Qual das duas versões instiga mais a imaginaçãodo leitor? Acho que a citada acima atinge um maior leque de público. É tudo
mais aberto, mais abrangente, mais poético.

Não vi correlação do seu título com o poema. O título é muito forte. É uma pergunta, uma inquisição, quase um pedido de tomada de posição e em todo o poema você não desenvolve a linha da questão nem ajuda o leitor a encontrar uma resposta. Falta objetivo enquanto você se alonga em versos, tentando descrever coisas e sentimentos íntimos sem nenhum relacionamento com o tema proposto: O que você tem feito para paz? Repense, releia, leia em voz alta, dê para outros lerem para você e ache um título que sintetize melhor todos os imperativos que você comanda sua musa: "vem pra dentro, vem voando, vem depressa, traz o tempo, vem, marchemos então!"

Não há porque se sentir "sorry about the grammar errors". Não consegui captar nenhum erro gramatical, no entanto encontrei muitos lugares-
comuns e clichês. Tente evitar rondar em círculos. Verborragia não é poesia e, muitas vezes, o leitor se sente entediado ao ler um bocado de palavras e
idéias já ouvidas sem sentir entrar direto no assunto ou objeto.

Finalmente, seja mais compacto e mais objetivo ao expressar seu pensamento. Faça exercío diário de sintetização de idéia. Digo-lhe isso porque na minha idade ainda faço essas coisas e na maioria das vezes me dou bem ao me comunicar com o resto do mundo.

Espero que estes comentários lhe ajudem e você cresça como poeta e escritor. Não tome isso como crítica nem conselhos. Tire o proveito positivo
possível que eu ficarei muito feliz por todo o ano novo. Falar nisso: Feliz 1997.

Um grande abraço,

Fernando Tanajura Menezes
http://tanajura.cjb.net












































































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